Aquariofilia é um livro sobre pessoas submersas numa cidade, atiradas de um lado para o outro pelas marés da sua vida, embaladas pela música que as rodeia como água, em busca de respostas e da coragem para as enfrentar.
Quando tudo parece perdido, talvez o acaso as possa salvar, talvez apenas a sua liberdade o faça. Ou será do Diabo, sempre, a última gargalhada? José, João, Joana, Carolina. A noite. Um morto. Ontem, hoje e amanhã. O que os liga? Em que momento decidiram o que ia ser a sua vida? Poderão alguma vez ser outros? Quanto do seu passado os prende ao que são? Como peixes num aquário, estão sempre condenados a navegar em volta de si, dos seus medos, dos seus desejos. Ou não?
É uma história sobre quanto da nossa vida está nas nossas mãos, submetido ao nosso controlo, e quanto nos escapa. Podemos ficar onde estamos, olhando o que nos rodeia. Podemos tentar construir o nosso mundo fechado e perfeito, sem passado nem futuro, apenas um instante eterno de prazer. Podemos fugir para a frente, mesmo que o passo seguinte represente o abismo. Ou podemos apenas, como em Lisboa, navegar e não conduzir, perceber as correntes e os ventos que nos embalam ou sacodem. Aí talvez e apenas talvez, deixemos o aquário.
É também o retrato fragmentado de uma Lisboa de claro e escuro, dia e noite, da marginalidade mais miserável e do céu mais incrivelmente azul.