O livro é um convite ao questionamento, apresentando reflexões de um mestre que, desde os primeiros passos na capoeira, esteve atento às incoerências de verdades consagradas da arte. Contribui ainda para quebrar um paradigma antigo da manifestação, segundo o qual só é legítimo quem ensina ou pratica Angola ou Regional - e, mais recentemente, a contemporânea ou estilizada. Tal perspectiva (que ignora a história da escravidão no Brasil, permeada por trocas internas e externas, rica em documentos que comprovam ter existido a capoeira, no século XIX, em diversas as regiões onde havia escravo) leva muitos praticantes a abandonarem sua linhagem, algumas vezes construída por três ou quatro gerações. Ao lembrar que vivemos em uma país de dimensões continentais, com realidades distintas, Ribas enfatiza a importância de se preservarem as diferenças, desde que as mesmas não descaracterizem a arte.