Nas crônicas deste livro, escritas ao longo de 30 anos, inéditas umas, publicadas outras, Yvelise de Oliveira não tem uma história para contar, mas seus textos, plenos de dor alguns, pressupõem os dramas e as alegrias, não reveladas, do quotidiano da autora. Mesmo quando os fatos estão criptografados e as pessoas ficam protegidas, dá para ler a dor, não a dor da autora, mas as dores dos leitores. Não é a autora que se desnuda sozinha; o leitor faz o mesmo percurso.
Como se vê, o gênero demanda coragem, a menos que o autor vire personagem de si mesmo, o que Yvelise não faz. É outro o seu jeito.
Boa parte dos leitores vai se sentir de novo na chácara da sua infância. Outra parte vai reviver seus conflitos com os filhos (ou com os pais). Outros vão gostar de ver o tema do amor pelos animais de estimação tratado em público. Quando a autora se abre diante de Deus, muitos leitores vão se sentir abrindo-se para Ele também. Viva com a autora.
Afinal, não é esta a função da crônica, gênero, por isto, nada fácil?
Quanto às aquarelas de Marina, veja-as todas primeiro, como se fossem as janelas do livro que integram. Depois de ler as crônicas, volte para as imagens, como se o texto fosse suas janelas.