Na sua leitura da obra de Mia Couto, Phillip Rothwell aposta na rutura, ou seja, naquilo que ela ensaia ao colocar sob suspeita as tradicionais fronteiras entre homem e mulher, entre verdade, mentira ou falsidade, entre tradição e modernidade, entre escrito e falado e, a partir daí, procura caminhar para a identificação de um país de múltiplas culturas. Assim visto, e dado o contexto global favorável a uma leitura pós-moderna das obras literárias, por um lado, e, por outro lado, o contexto local de Moçambique pós-independência e o empenhamento do escritor na construção da nação, a leitura de Mia Couto como um nacionalista pós-moderno apresentada por Phillip Rothwell revela-se eminentemente política no sentido mais nobre da palavra.
O livro de Phillip Rothwell, escrito com grande elegância e sofisticação ensaística, e erigido a partir de sólidas, instigantes e inovadoras bases teóricas, parece perguntar-nos constantemente: até onde podemos ir? Até onde pode ir a literatura?
A resposta é necessariamente fragmentária, mas leva-nos ao melhor que podemos esperar de um ensaio mostrar um pensamento que se procura e a partir do qual nós, como leitores, podemos pensar.