A Cidade que queremos, fazemos mais do que o título de um trabalho voltado a fomentar ideias e projetos, é e encerra expectativas quanto a construção de estruturas urbanas que propiciem melhor qualidade de vida para os cidadãos.

É possível que os primeiros passos já estejam sendo dados para que as cidades ingressem numa nova e mais promissora era de responsabilidade cidadã. Depois da inauguração da fase áurea de políticos corruptos estarem sendo exemplarmente punidos pela Justiça, o que até pouco tempo parecia irrealizável, os ventos que agora sopram sobre o País parecem trazer uma consciência muito mais apurada de cidadania.

Além da conduta ética, o que é elementar, o cidadão agora está sendo convocado a trabalhar no sentido de construir a cidade onde vive.

É com expectativa positiva que já se nota que a sociedade está sendo despertada daquele estado de dormência ou de torpor que imperou por tanto tempo, e que tantos males lhe causou para um estilo mais operante e determinado de conquistas.

Despertado do sono profundo que o fez hibernar por longo tempo, o cidadão moderno toma consciência de que precisa engajar-se direta e objetivamente na construção de sua cidade, visto estar afastada de vez qualquer possibilidade das coisas acontecerem por obra do acaso ou por empenho de mãos alheias.

O que o cidadão vê neste momento de conscientização plena não é somente os direitos que têm, mas também sobretudo os deveres que lhe correspondem, não fugindo a sua aguçada percepção que ao tempo em que foi relapso e pouco se importou com a cidade que o obrigou outros, a exemplo da classe política, também pouco ou quase nada com ela se importaram, e o fim deste menosprezo geral não produziu outra coisa senão um ambiente de convivência de pouca qualidade e de serviços públicos incompatíveis com a dignidade do ser humano.

Convidado a sair do marasmo que foi contrário aos seus sonhos por todo o tempo em que se mostrou inerte, tempo em que esperava que tudo viesse do parlamentar ou da administração pública, o homem urbano destes dias vê chegar a sua vez de agir em prol de si mesmo, agindo em proveito de todos.

A voz que clama neste sentido é a mesma que conclama as pessoas a se organizarem, a darem as mãos, a se empenharem a fim de realizarem juntos aquilo que não teriam como executar sozinhas.

Não é se juntar para protestar, mas para planejar; não é se organizar para gritar, mas para realizar; não é se reunir por uma ideologia, mas por um ideal.

As cidades que têm provado deste novo estilo de vida urbana testemunham que não há melhor caminho do que este para se chegar aos objetivos que aproveitam a todos.

A Cidade que queremos, fazemos é um trabalho que apresenta não somente ideias como também instiga o leitor a repensar condutas pessoais ou locais de modo a se dispor a acolher a nova filosofia que veio para ficar. Ele se lança ao desafio de acender a chama que produz calor e, então, energia que possa movimentar mentes e corações rumo às aspirações mais justas em termos de se construir a cidade dos sonhos.

Afinal, ninguém jamais foi mais longe do que sonhou.

Os desafios que já têm sido vencidos por cidades como Maringá (PR), a exemplo de tantas outras, demonstram que a sociedade civil organizada é muito mais poderosa do que o ímpeto de muitas águas, e que basta ao cidadão se aproximar dos seus iguais para fins nobres que a realidade agradável em breve se torne palpável.

Não convém esquecer que o peso carregado por muitos será leve para o indivíduo que empresta seus ombros para transportá-lo.