Antes de ser o que é hoje, a NR-7 tratava dos "Exames Médicos", reduzindo o papel dos médicos do trabalho ao de meros examinadores ou, ainda pior, ao de "selecionadores" de trabalhadores saudáveis que pudessem "garantir" a produção. Certamente um papel muito pequeno para um assunto de tanta relevância social, como trabalho e saúde. Por isso, quem viveu os anos 1990 e viu nascer o conceito de gestão integrada, a partir da adoção do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, tinha muitos motivos para comemorar. Entre 1995 e 1996, uma janela de oportunidades se abriu e, junto com ela, um caminhão de responsabilidades veio a reboque. Talvez os médicos do trabalho não estivessem preparados para uma mudança tão grande em seu papel social. Ou, talvez, tenham imaginado que a tarefa que se propunha era era mais simples do que realmente o é. O fato é que atravessamos décadas e chegamos em 2016 ainda com uma necessidade imensa de aprender sobre o reconhecimento e a avaliação de riscos, os agravos à saúde, a importância da vigilância em saúde do trabalhador, a aplicação da análise clínica-epidemiológica e a gestão integrada de saúde, higiene e segurança. Isso tudo demanda uma dedicação contínua aos estudos, e o caminho desse aprendizado pode ser árduo, mas, vez por outra, surge alguém para torná-lo mais suave para todos - que é o que acontece neste livro. Por isso, espero que todos possam trilhar esse caminho de aprendizado e, mais importante, levar o conhecimento adquirido para práticas cada vez melhores e mais inclusivas na saúde do trabalhador.